Dólar abre em baixa na volta de feriado, mas com atrito entre Trump e Fed ainda no radar

Economia




Na última quinta-feira, a moeda norte-americana recuou 1,03%, cotada a R$ 5,8042. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou em alta de 1,04%, aos 129.650 pontos. Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters
O dólar abriu em baixa nesta terça-feira (22), na volta do pregão brasileiro após um feriado prolongado. Apesar dos mercados estarem fechados, porém, novas falas do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, repercutem entre os investidores desde o fim da semana passada e geram maior cautela com os ativos de risco.
Depois de criticar o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) na quinta-feira (17) e afirmar que, se pedisse, Jerome Powell deixaria o comando da instituição, o entorno de Trump voltou a falar sobre o banqueiro central.
Na sexta (18), o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, foi questionado por repórteres se Trump planejava demitir Powell da presidência do Fed e respondeu que o presidente e sua equipe estavam “estudando” as opções.
A legislação americana não permite que Trump demita o presidente do Fed, mas a ameaça repercutiu negativamente nos mercados financeiros globais, que valorizam os bancos centrais independentes.
ENTENDA A IMPORTÂNCIA DE UM BANCO CENTRAL INDEPENDENTE
“A independência do banco central é importante para que a instituição não tome decisões com base no populismo, mas sim tentando assegurar uma economia saudável no médio e longo prazo, e não apenas no curto prazo para beneficiar o presidente da vez”, explica o analista de investimentos Vitor Miziara.
Luan Aral, especialista em câmbio da Genial Investimentos, comenta que, além da estabilidade da inflação, a autonomia do banco central também é importante para manter a confiança do mercado, principalmente em anos eleitorais.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
Às 09h01, o dólar caía 0,18%, cotado a R$ 5,7940. Veja mais cotações.
Na última quinta-feira (17), a moeda americana teve queda de 1,03%, cotada a R$ 5,8042.
Com o resultado, acumulou:
recuo de 1,14% na semana;
ganho de 1,73% no mês; e
perda de 6,08% no ano.

a
📈Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na quinta, o índice teve alta de 1,04%, aos 129.650 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
alta de 1,54% na semana;
recuo de 0,47% no mês; e
ganho de 7,79% no ano.

O que está mexendo com os mercados?
O mercado financeiro continua operando de olho na relação entre Donald Trump e o presidente do Fed, Jerome Powell.
Na última sexta, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse que Trump e sua equipe estão “estudando” a opção de demitir Powell, ao ser questionado por um repórter sobre essa possibilidade.
Trump, porém, não pode demitir diretamente o chefe do Fed. Para isso, um processo teria de ser aberto para comprovar que quem está no comando do BC americano cometeu alguma irregularidade grave durante seu mandato.
Segundo especialistas, a credibilidade do Fed como o banco central mais poderoso do mundo se baseia em grande parte em sua independência histórica para agir sem influência política, e uma tentativa de remover Powell do cargo poderia perturbar ainda mais os mercados, já afetados pelo tarifaço.
“Uma eventual tentativa de reestruturar completamente o comitê de política monetária representaria um risco institucional significativo”, disse a XP Investimentos, em relatório.
Na quinta-feira passada, Trump já havia gerado barulho nos mercados após chamar Powell de “atrasado e errado”, Trump ainda reclamou do tempo que falta para que o mandato do banqueiro central à frente do Fed seja concluído, dizendo que esse momento “não chega rápido o suficiente”.
Os mandatos de presidente e vice do Fed têm duração de quatro anos. Powell deve deixar o cargo somente daqui a um ano, em maio de 2026.
Trump também chegou a afirmar a jornalistas que Powell deixaria o cargo caso fosse solicitado e reiterou que o banqueiro central deveria promover novos cortes de juros no país — o que foi negado por Powell.
As taxas de juros nos EUA estão, atualmente, entre 4,25% e 4,50% ao ano — um patamar alto para os padrões de juros do país — e Trump já criticou essa política monetária em diversas ocasiões, desejando o corte dos juros.
🔎 Isso porque juros altos são uma ferramenta para controlar a inflação, já que encarecem a tomada de crédito pela população e pelas empresas e, assim, impacta os níveis de consumo e investimentos da economia, reduzindo a pressão sobre os preços.
⚠️ No entanto, com menor consumo, a atividade econômica tende a desacelerar, afetando o crescimento da economia do país.
A renovação do mau humor de Trump com Powell ocorreu após o presidente do Fed criticar o tarifaço imposto pelo republicano.
Segundo Powell, a guerra tarifária iniciada pelos EUA pode dificultar o trabalho do BC americano, que toma suas decisões sempre guiado pelo objetivo de controlar a inflação e fortalecer o mercado de trabalho.
As tarifas maiores podem encarecer os custos de produção no país e esses preços tendem a ser repassados para o consumidor, impactando a inflação.
Além do atrito entre Trump e Powell, novos desdobramentos do tarifaço também repercutem.
Nesta terça, o vice-presidente dos EUA. J.D. Vance, disse que o país e a Índia chegaram aos termos finais de referência para um acordo comercial que pode evitar as tarifas recíprocas cobradas pelo governo Trump.
Vance afirmou que o “futuro do século XXI será determinado pela parceria entre EUA e Índia” e que “se a Índia e os EUA não trabalharem juntos, o século 21 será um período sombrio para o mundo”.
Embora não tenha dado tantos detalhes, Vance indicou que o acordo pode ser influenciado, sobretudo, por parcerias nas áreas de energia e defesa.



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