Presidente diz que resultado ‘não tem nada a ver’ com seu tarifaço. Ele acaba de completar 100 dias no cargo, em meio a crescente desaprovação dos americanos em relação à sua gestão da economia. Trump anuncia tarifas recíprocas
REUTERS/Carlos Barria
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos teve queda de 0,3% em taxa anualizada no primeiro trimestre, após aumentar 2,4% nos últimos três meses de 2024, de acordo com dados preliminares do Departamento do Comércio dos EUA.
🔎A taxa anualizada mostra como a economia cresceria em um ano se o ritmo atual for mantido. Essa medida é usada para facilitar a comparação com o crescimento de outros períodos.
O resultado contraria as primeiras expectativas dos analistas, que previam uma alta de 0,3% para o período, e foi puxado por uma grande quantidade de bens importados por empresas que queriam evitar custos mais altos da política de tarifas anunciada pelo presidente dos EUA.
O indicador demonstrou que as importações aumentaram a uma taxa de 41,3%, o maior crescimento desde o terceiro trimestre de 2020, no auge da pandemia de Covid-19. Isso anulou um aumento modesto nas exportações, e gerou um grande déficit comercial (ou seja, importações maiores do que exportações), que reduziu o PIB em 4,83 pontos percentuais.
A economia também foi pressionada por uma queda nos gastos do governo federal, provavelmente ligada aos cortes agressivos da administração Trump, que resultaram em demissões em massa e fechamento de programas.
O PIB dos EUA divulgado nesta quarta-feira reforça os dados do Censo do Departamento de Comércio dos EUA, divulgados na véspera. O documento apontou um déficit comercial em março, à medida que as empresas intensificaram os esforços para comprar mercadorias do exterior antes que as tarifas de Trump passem a valer.
Trump, que acaba de completar 100 dias no cargo, tem visto crescer a desaprovação dos norte-americanos sobre sua gestão à frente da maior economia no mundo. Trump venceu as eleições em novembro passado devido à angústia dos eleitores, especialmente sobre a inflação.
Como mostrou a Reuters, a confiança do consumidor está próxima dos níveis mais baixos em cinco anos e o sentimento empresarial despencou. As companhias aéreas citam incerteza devido às tarifas, e economistas alertam que elas aumentarão os custos para empresas e famílias.
Após a divulgação dos dados, os principais índices de Wall Street registravam queda nesta quarta-feira (30), em meio a aumento das preocupações sobre o impacto econômico das políticas tarifárias de Trump.
Donald Trump completa 100 dias de governo nos EUA
Tarifaço mostra resultados ruins
Apesar de Trump ver as tarifas como uma ferramenta para aumentar a receita das contas públicas norte-americanas, compensar os cortes de impostos prometidos durante sua campanha e reviver a economia dos EUA, que está em declínio há muito tempo, os indicadores não trazem perspectivas tão otimistas.
Nesta quarta-feira, Trump afirmou que a contração da economia americana “não tem nada a ver” com as suas tarifas sobre importações e que os índices vão prosperar quando elas entrarem em vigor.
“Este é o mercado de ações de Biden, não de Trump. Só assumi em 20 de janeiro. As tarifas começarão a valer em breve, e as empresas estão começando a se mudar para os EUA em números recordes. Nosso país prosperará, mas precisamos nos livrar do ‘excesso’ de Biden”, escreveu Trump nas redes sociais.
“Isso levará um tempo, não tem NADA A VER COM TARIFAS, apenas que ele nos deixou com números ruins, mas quando o boom começar, será como nenhum outro. SEJAM PACIENTES!!!”, completou.
Publicação de Donald Trump em seu perfil no Truth Social nesta quarta-feira (30).
Reprodução/ Truth Social
O presidente americano vem anunciando uma série de tarifas desde que chegou ao cargo. Primeiro, foram taxas a países e produtos específicos. No início do mês, vieram as chamadas “tarifas recíprocas”, que atingiram, de forma abrangente, mais de 180 países.
A repercussão foi ruim desde o início, em especial depois que a disputa escalou contra os chineses.
Recentemente, Trump passou a ser pressionado para rever a política de taxas. Na terça-feira, ele assinou uma ordem para reduzir o impacto de suas tarifas sobre o setor automotivo, oferecendo um conjunto de créditos e isenções de outras taxas sobre materiais e peças.
A mudança foi anunciada no mesmo dia em que Trump viajou para Michigan, berço da indústria automotiva dos EUA, e poucos dias antes da entrada em vigor de uma nova rodada de tarifas de 25% sobre peças automotivas importadas.
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